the NachtKabarett

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All Writing & Content © Nick Kushner Unless Noted Otherwise
Translation by: Heather Quick

 



Clique nas miniaturas acima para cada influência na era The High End of Low

 

SPIN: O que significa o título do seu álbum, The High End of Low?

Passei por um um duro período durante o Natal, no qual eu aprendi a diferença entre amor e dependência, e a diferença entre fraqueza e desejo. E isso fez uma grande diferença na minha vida.

Então voltei [ao estúdio] dia 2 de Janeiro e vi meus únicos amigos, que nesse ponto é a banda e todos me perguntaram, “Como você está?” E eu disse, “Bem, estou no grande fim do escasso.” E automaticamente sabia que esse seria o nome do álbum.

SPIN: Explique.

Realmente define o álbum, que é sobre cair em desgraça e tentar se fixar e ser aceito como um mortal ou uma pessoa normal quando as pessoas não te olham como tal. É também sobre desistir do que você é e provar que você ama alguém mais do que ama a você mesmo. Quando você chega naquele ponto, você é “inamável”. E para mim, em metade do álbum você pode ouvir isso. Eu fui de desespero à raiva. É como passar através dos estágios de destruição e reconstrução.

Spin, Entrevista com Marilyn Manson, 23 de Junho de 2009, trecho

 

Feito para tornar-se a parte mais importante no panteão da coleção de qualquer fã, o sétimo álbum de estúdio lançado pelo Marilyn Manson (intitulado “The High End of Low”) irá ressoar com muitos por sua intensidade, emoção crua e vocal arrepiante voltado por um panorama sônico infernal e contendo as observações pungentes, que lhe é característico, sobre a vida, amor e perda..

Entretanto, o aspecto mais notável e recorrente da essência integral do Marilyn Manson é a dicotomia; e o "The High End of Low" não é uma exceção com, virtualmente, todas as facetas da capa do álbum sendo um testamento da história da dicotomia com o Manson.

 

O título em si tem a dicotomia mais notável, em que direciona os opostos de “alto” e “baixo.” Além disso, entretanto, Manson está evocando uma lenda cinematográfica tanto pelo título do álbum, como também o jeito que foi colocado.

O aclamado filme “Tengoku to Jiogoku” – ou “Alto e Baixo” do director Akira Kurosawa tem uma influência perceptível vindo da forma que as edições em Inglês são escritas...

A capa do relançamento da Coleção Criterion do “High and Low” e seu director, Akira Kurosawa.

Além da analogia dos títulos, há uma estilização quase idêntica no jeito em que foi escrito no relançamento da Coleção Criterion e o álbum do Manson, reforçando a natureza não-coincidente desse fato.

Uma imagem comparativa da forma que foi escrita entre o “High and Low” de Kurosawa (esquerda) e o “The High End of Low” do Marilyn Manson (direita).

Proibido no Céu e inútil no Inferno

Four Rusted Horses

Os paralelos não param por aí. Enquanto o título do filme em Inglês é “High and Low,” a tradução literal de “Tengoku to Jigoku” seria “Heaven and Hell” (NT: “Céu e Inferno”). O título literal é notado na capa do álbum, que é altamente saturada em azul e vermelho – duas cores tradicionalmente associadas com o divino e o infernal. Também, na mitologia Hindu, o azul é considerado para denotar divindade, como é visto como a cor do infinito (o, aparantemente, céu e oceano sem fim, por exemplo).

As divindades Hindus com a pele azul, Krishna e Kali; uma característica física que é simbólico de divindade e esclarecimento. Outra correlação ao Manson com a pele azul ao longo do encarte que vem da interpretação de um antigo provérbio: “se sentindo azul” como representativo de depressão. Como o fechamento do álbum representa a redenção definitiva do Manson após “cair do paraíso,” ele está se coroando com uma auréula vermelha, como a inversão da tradicional variante Cristã. Ilustrativo de “reinando no Inferno” por assim dizer.
O recém ascendido Manson com a pele azul e sendo autobatizado com uma auréula vermelha invertida do Anticristo.

Retornando ao filme, a natureza dicotômica do “High and Low” está no trabalho em vários níveis, então não deveria ser surpresa que o filme teve uma influência notável no Manson. O exemplo mais evidente da dicotomia no filme (além do título) pode ser o fato de que é altamente baseado em torno de duas histórias principais, que torna-se apenas uma na cena final do filme:

1ª história: Gondo é um homem de negócios que está confrontado com um dilema moral que ele deve enfrentar quando uma criança é sequestrada e uma grande quantia de dinheiro é mandada para o resgate. Isso cria um livro de dilema ético – alguém escolhe continuar sua vida de abundância e luxúria às custas de ser um homem de negócios sensato e um ser humano frio, ou ele sacrifica tudo que pode para o benefício dos outros?

2ª história: Detalhe as explorações do sequestrador, como ele droga e mata seus cúmplices, brinca de gato e rato com o detetive e é, eventualmente, capturado e preso.

Está nesse ponto no filme, que as duas histórias tornam-se uma, e Gondo encontra o sequestrador cara a cara. Aprendemos que o sequestrador é um miserável médico estagiário de um hospital local, abastecido de ódio pelas diferenças de classes entre eles. Enquanto Gondo tem vivido uma vida confortável no topo de uma montanha em uma mansão atraente, o sequestrador tem vivido no fundo da montanha, na miséria de um apartamento pequeno, consumido pelo calor ardente e cercado de drogas e desordem. Esse é o “alto” e o “baixo” que o título do filme faz alusão.

Direita: O rosto do Manson na grade – a última foto do encarte do “The High End of Low.”

Nessa cena final, Gondo e o sequestrador sentam em lados opostos da tela, com o reflexo de cada um sendo continuamente mostrado na grade; isso é um jogo sutil nos meio tons dicotômicos do filme, e a capacidade de cada homem se tornar um outro. Enquanto Gondo é mostrado calmo e quase sem emoção, o sequestrador é o oposto. Além disso, Gondo continuará a viver, enquanto o sequestrador é deixado à morte. Os elementos dicotômicos do “High and Low” são preservados até o final.

Vale mencionar que a última foto do encarte do “The High End of Low” faz um paralelo com a última cena do filme, com o rosto do Manson dentro da grade.

Vale mencionar que a última foto do encarte do “The High End of Low” faz um paralelo com a última cena do filme, com o rosto do Manson dentro da grade.

Peter Murphy do Bauhaus performando “Bela Lugosi´s Dead” – uma música que Manson admirou abertamente como um hino gótico (e que ele mencionou enquanto discutia sobre criar um novo hino gótico moderno – "If I Was Your Vampire") – nas cenas iniciais do filme “The Hunger,” outro filme que Manson expressou admiração.

Um possível influência adicional no título do álbum pode ser relacionado a uma das maiores inspirações artísticas do Manson: David Bowie. Bowie lançou uma obra prima em 1977 com o nome “Low.” Se o título do Manson é parcialmente um aceno ao álbum do Bowie, não seria completamente infundado, ou até mesmo a primeira referência ao Low; uma música em particular no Mechanical Animals – “The Speed of Pain” – apropria-se do título de uma música do álbum Low: “The Speed of Life.”

A capa do álbum “Low” de David Bowie – o título da onde deriva seu nome de uma combinação do humor notoriamente “baixo.” Bowie foi descrito como tal durante a criação do álbum, Um jogo irônico no termo “low profile,” devido ao Bowie ser mostrado de perfil como uma foto na prisão.

Indo adiante ao conteúdo religioso... Além do contexto da tradução literal de “Tengoku to Jigoku” ser “Heaven and Hell,” uma camiseta foi oferecida na loja online do Manson como item limitado exlusivo para aqueles que compraram o álbum na pré-venda. Mostra uma capa do álbum levemente alterada com a imagem manipulada para representar uma coroa de espinhos acima da cabeça do Manson. A camiseta tem o nome de “Neon Christ” (NT: “Cristo de Neon”) e é remanescente de um design de camiseta em um senso.

Edição limitada da camiseta “Neon Christ,” com a cruz de espinhos acima da cabeça do Manson.
Esquerda: Tradicional representação da Virgem Maria e o Cristo quando criança. Direita: Uma das várias pretensas “autênticas” das estátuas de Maria sangrando; dito ser lágrimas de sangue pelos pecados do mundo. Essa estátua fica na “Vietnamese Catholic Martyrs Church” em Sacramento, Califórnia. Considere o contexto religioso da letra da Devour, “You´re not crying, this is blood all over me.”
Esquerda: Camiseta da era “Antichrist Svperstar” por volta de 1997, mostrando o Manson com uma auréula de neon similar, sublinhando sua natureza artificial e corrupta; (para mais, veja o artigo Imitação de Cristo da seção "O Oculto" do Nachtkabarett), nas costas carrega um Cristograma alterado da mesma forma. Direita: Uma representação similar da mesma sessão de fotos.

Esse tema pode ser extrapolado, como Manson tem a corda de neon acima de sua cabeça como uma auréula, conferindo o status de divindade ou esclarecimento, que é mostrado com muita frequência em artes religiosas, embora dessa vez com uma curva levemente sinistra. Como oposto a auréula dourada, a dele é vermelha. Muito como o Manson invertendo a posição tradicional das mãos em seu retrato como o Baphomet, novamente temos Manson assumindo uma postura divina, mas invertendo sua natureza e colocando-se como um Anticristo, adversário e vilão.

Uma possível última conexão religiosa pode estar no nome “Marilyn Manson” em si, ou mais especificamente como foi consistentemente mostrado em todas as coisas relacionadas ao “The High End of Low.” Pode ser observado nesses gráficos que as letras maiores do nome “Marilyn Manson” formam “MAN” (NT: “Homem”). Isso pode ser um conhecimento da bíblica queda do homem, ou também pode se referir ao “Filho do Homem,” o julgador cósmico que Jesus falou sobre aparecer no fim dos tempos, para julgar os mortos e os vivos. Essas duas possíveis interpretações bíblicas notavelmente trazem à tona a dicotomia entre o homem e seu criador, aqueles em cima e aqueles embaixo, e sua relação entre um e outro. Uma interpretação mais secular poderia ser que está destacando a qualidade mais pessoal e humana do álbum.

Com tudo isso levado em consideração, o “The High End of Low” pode ser levado como uma admissão sem vergonha de quem ele é; um conhecimento completo e sem desculpas dos eventos que tem transparecido; alguém que é depreciativamente considerado baixo, mas que os excedem em todos seus empreendimentos, assim crescendo para ser o grande fim do escasso.

Caído, caído, caído em desgraça, agora por você

I Have To Look Up Just To See Hell
Representação de Lúcifer no Paraíso Perdido por Gustave Doré.

Me identifico com o vilão, Lúcifer, que é o anjo caído. Ele é representado pela luz.

Marilyn Manson. Spin 23 de Junho de 2009
Lucifer,” Aquarela por Marilyn Manson, 1999 representando o “anjo caído” e o “trazedor da luz.” Dez anos depois, essa nova identificação com o Príncipe das Trevas é uma perfeita continuação com as antigas encarnações satânicas feitas pelo Manson examinadas na nossa seção A Terceira e Última Besta particularmente sobre a metáfora das asas.

Ele fala sobre se sentir como Lúcifer sendo banido do paraíso, ou caindo em desgraça. “Quando você desiste das asas que vieram para te definir em ordem de se encaixar e tornar-se amado por alguém, então você definitivamente para de ser quem você é e perde tudo. Definitvamente, isso é como eu estava minha vida,” ele diz.

Entrevista para a Kerrang! 20 de Maio de 2009.

 

 

Não deixar você ganhar não me satisfará. Eu vou te ensinar sobre a perda.

15

Desde o começo do Marilyn Manson, os números têm tido um papel integral nos aspectos mais sutis de cada álbum, unificando grandes temas e conceitos através da recorrência e significado de certos números. A décima quinta e última faixa do "The High End of Low" é um dos ressurgimentos mais notáveis do número quinze desde sua presença esmagadora dentro da era Mechanical Animals.

15 é construída em cima de um panorama inesquecivelmente volátil, onde vulnerabilidades e antigas tribulações são descartadas em favor de uma força pessoal, transformação e desejo intransigente de ir adiante. A rápida sucessão de morte e renascimento dentro da letra “Ontem, tudo que eu achava que acreditava, morreu/Mas hoje é meu aniversário” dá o tom da música inteira; sendo uma afirmação de esperança e resolução, e um voto de nunca se comprometer indiferente às pendências. E como muito sucintamente e honestamente expressado, “Agora eu não vou hesitar em matar para proteger o que eu acredito.”

As palavras finais do álbum são muito auto afirmativas, elas fazem fronteira na vingança e retribuição – “Não deixar você ganhar não me satisfará. Eu vou te ensinar sobre a perda.”

Noisecreep : O quanto esse seu reencontro com o baixista Twiggy Ramirez influenciou no processo criativo desse CD?

Marilyn Manson : É sobre eu percebendo a importância da perda, eu mesmo digo, “Vou te ensinar sobre a perda.”

Noisecreep.com 2009 trecho da entrevista.t

Essa noção de não estar meramente comentente com a superação do inimigo, mas pegando as medidas extras requeridas para ter certeza que eles entendem dolorasamente toda a repercussão de seus atos e o real significado da perda pode iniciar o alarme para os fãs de cinema, já que esse é o tema central do filme “Cape Fear” (NT: “Cabo do Medo”)

Cape Fear foi feito em duas ocasiões: Uma vez em 1962 e um ótimo remake foi feito em 1991. Enquanto algumas poucas diferenças são aparentes, ambos são centrados no conceito de retribuição. Como a versão de 1991 é mais relevante para a nossa discussão, vamos focar nela.

Na adaptação de 1991 feita por Martin Scorsese, um ex defensor público chamado Sam Bowden é sujeitado a ameaças e perseguições por um estuprador (e ex cliente) chamado Max Cady, que está buscando vingança contra Bowden por sua sonegação intencional, um exemplar crítico de evidência que teria levado a uma absolvição para Max.

Max confronta Bowden pouco depois de ser solto da prisão e diz a ele “Você vai aprender sobre a perda.” É com essa declaração que o filme gira em torno – o conceito da perda de uma homem como retribuição por percebidas ações erradas (na edição de 1991 isso é reforçado através das crenças religiosas do Max, onde ele usa a Bíblia para validar sua perseguição de divina retribuição). O trecho “Você vai aprender sobre a perda” aparece em várias ocasiões, e Bowden se fixa nisso, conhecendo bem o potencial destrutivo que Max possui.

Com respeito ao climax do filme, Max dá um discurso poderoso envolvendo Dante (cujo Manson referenciou em várias ocasiões, bem como incluindo uma ilustração baseada na Divina Comédia no livro “The Long Hard Road Out of Hell”), e tenta dizer o que ele vê como justiça divina por estar preso:

Max Cady (interpretado por Robert Deniro) no remake de 1991

Max Cady: Eu sou Virgílio e estou te guiando através do portões do Inferno. Agora estamos no Nono Ciclo, o Ciclo dos Traidores. Traidores do país! Traidores dos companheiros! Traidores de DEUS! Você, senhor, é acusado de trair os princípios de todos os três! Cite para mim as Regras de Conduta Profissional da “American Bar Association,” Norma Sete.

Sam Bowden:"Um advogado deveria representar seu cliente…"

Max Cady: "Deveria ZELOSAMENTE representar seu cliente dentro dos limites da lei." Te acho culpado, conselheiro! Culpado por trair seu companheiro! Culpado de trair seu país e revogar seu julgamento! Culpado por me julgar e mentir para mim! Com o poder investido em mim pelo reino de Deus, sua sentença é ir para o Nono Ciclo do Inferno! Agora você vai aprender sobre a perda! Perda da liberdade! Perda da humanidade! Agora eu e você somos verdadeiramente os mesmos...

Clique para um pequeno trecho do filme "Cape Fear" de 1991, que inclui o discurso "Agora você vai aprender sobre a perda!" e fazendo um paralelo com a afirmação do Manson de uma recente posição de força.

Para mais em relação ao uso que Manson faz do número 15 e numerologia, veja o artigo 15 do NACHTKABARETT.

 

 

Você acha que o álbum é honesto, eu acho o álbum poderia facilmente ser visto como uma mentira... Porque é muito focado onde minha cabeça estava no cinema. É em partes o fato que eu quase desisti da música e tentei focar toda minha energia em fazer um filme. Eu tendo a me rodear com isso, meus amigos não são atores ou diretores, ou pessoas envolvidas com isso, e aparece a questão, estou atuando no álbum? Estou dirigindo? E se eu estiver atuando, você não vai entender que pessoa é real – a personagem ou o ator? Torna-se realmente confuso. E nem tento e questiono isso.

Suicide Girls entrevista com Marilyn Manson, 2009. Trecho.
"The High End of Low," retratado como um rolo de filme.

"Tudo está atuando. O novo álbum é bem centrado nos filmes. Eu digo nele, "eu quero te matar como eles fazem nos filmes." Eu estou dirigindo, atuando ou assistindo? Quem se importa. O ponto é que a vida para mim não vai ser do jeito que é para qualquer outra pessoa. Tenho máquina de fumaça e luzes de filme no meu quarto."

Marilyn Manson, trecho do Daily Mirror

Manson sempre teve uma propensão ao cinematográfico. O nome "Marilyn Manson" pode ser quebrado como um oposto de Marilyn Monroe (uma das atrizes mais reconhecidas do mundo) e Charles Manson (que, entre outras coisas, assassinou uma promissora atriz, Sharon Tate e foi tirada de seu marido - o diretor Roman Polanski). Mas o amor do Manson pela celulóide vai muito além de seu homônimo. De ter a intenção inicial de transformar o "Holy Wood" em um filme, as incontáveis referências e evocações de filmes em seu trabalho ao longo dos anos até o anúncio de Phantasmagoria, é evidente que os filmes sempre foram uma coisa que Manson teve vasto interesse. Considere também o companheiro do "The Golden Age of Grotesque," o curta metragem Doppelherz, onde Manson faz uma pungente metáfora sobre o paralelo entre sua vida e o cinema.

"Como vocês estão escutando,
quero que vocês saibam que vocês não são nada além de uma tela, que
eu projeto minhas imagens de sofrimento, tristeza, dor, sexo e
uma noção vaga de felicidade que eu encontrei na miséria Daqueles que estão sentados no teatro do qual essa tela existe."

Enquanto cada álbum do Manson tenha sido pelo menos parcialmente influenciado pelo cinema (altamente nos samples usados e referências evocadas), isso nunca tinha sido tão dominante como no "The High End of Low."

"... corte, corte, corte, corte..."
O sinistro diretor, ator, produtor e telespectador colocando a claquete em sua garganta.

A qualidade cinematográfica do álbum tem sido mencionada ambas diretamente pelo Manson, bem como estando na vanguarda de muito do encarte (no qual Manson é visto em uma série de células de celulóide), o CD em si (que é designado como um rolo de filme) e o conteúdo das letras. É altamente referenciado na música "I Want to Kill You Like They Do in the Movies":

"Luzes,
câmera
Você simula
Eu vou simular e
Corte, corte, corte, corte, corte, corte”
"Eu sou uma fita, fita, fita e
um filmador, filma, filma, filma
Um filmador de celulóide"
Tome uma nota adicional com o crânio no primeiro e segundo frame, e um relógio no terceiro, fazendo alusão ao conceito do Momento Mori - a inevitabilidade da morte, justaposto dentro de um contexto teatral e cinematográfico -- i.e, I Want to Kill You Like They Do in the Movies
"Apenas atuação, baby
É apenas atuação, baby
Representação, baby"
"Eu quero te matar como eles fazem nos filmess
Não se preocupe, há outra igual você na fila"

E ainda há mais referências a filmes dentro da música,

"Eu quero te foder como um filme estrangeiro
E não há legendas para te fazer entender"

"Exatamente o que eu projetei"

"Eu ouvi que a vida está mal pontuada"

Mais referências a celulóide podem ser encontradas no começo da letra da "Into the Fire":

"É o filme
chegando ao terceiro ato"

E de uma maneira indireta, a versão alternativa da "Four Rusted Horses" está nomeada apropriadamente como "Four Rusted Horses (Opening Titles Version)," quem tem sido tocada como a música de abertura nos shows da turnê do "The High End of Low" em 2009.

Mas o machucado é parte disso, e a música “I Want to Kill You Like They Do in the Movies” é sobre minhas fantasias. Tenho fantasias todos os dias sobre esmagar seu crânio com um martelo.

Marilyn Manson. Spin 23 de Junho de 2009.
Screenshots de Evan Rachel Wood no filme "The Life Before Her Eyes"; uma história que narra eventos que aconteceram há quinza anos, onde Diana (Evan Rachel Wood) torna-se a vítima prematura de um tiroteio em escola.
... "I Want to Kill You Like They Do in the Movies" que foi gravada no dia do rompimento com Wood e é explicitamente sobre isso...
Kerrang Edição de Maio de 2009.

Outra referência indireta ao cinema pode ser encontrada na segunda faixa, "Pretty as a Swastika," onde o título serve como uma referência velada à Leni Riefenstahl, uma diretora que é mais notável pelo seu filme, "The Triumph of the Will." (para mais sobre esse assunto, clique aqui).

Performance de The Dope Show na turnê Rape of the World (2007/2008). Foto por © Bob Mussell.

É também digno de nota que as performances da turnê Rape of the World tiveram câmeras/projetores na qual Manson canta como se elas fossem personagens.

"Mas eu entendo a coisa da persona... Em algum ponto acho que perdi um rastro do que eu era antes de fazer esse álbum, e é um grande problema. Não é tão simples quanto se você fosse alguém que tivesse uma identidade, então Ok, você tem uma crise de identidade. Se você é alguém que tem duas, uma é para os estranhos e pessoas que você não conhece e também pessoas que você conhece, e a outra é apenas para as pessoas que você conhece pessoalmente. Então, naquele ponto, você não sabe quem você é. Isso foi o que quase me destruiu, porque eu não sabia o que ser. Eu não sabia qual ser.

O que eu percebi, foi o que sou tudo isso. Não posso ser descrito como um ou o outro. Não pode ser no palco e fora do palco, não pode ser Brian Warner ou Marilyn Manson, é tudo isso. É apenas tudo. É como um filme grande. Há partes que são estúpidas e chatas, e há partes que são animadas, pornográficas e violentas e há partes que são dramáticas e comoventes, há tudo isso. É apenas um filme, e é o único jeito que posso lidar com isso."

Suicide Girls entrevista com Marilyn Manson, 2009, trecho.

 

 

Uma das coisas mais proeminentes mostradas na primeira foto promocional online para o "The High End of Low," bem como no encarte, são as grandes letras rabsicadas no quarto do Manson que dizem "EXIT NOW. UNSAVED CHANGES WILL BE LOST." (NT: "SAIA AGORA. TODAS AS MUDANÇAS NÃO SALVAS SERÃO PERDIDAS."). Essa é uma referência bastante plausível ao filme "The Nines" de 2007, que tem seu título pela prevalência e recorrência do número dentro do filme.

Nos três primeiros atos, nosso protagonista Gary se encontra em apuros pela consistente recorrência do número nove em sua vida que ele não consegue conciliar como uma mera coincidência; ele também começa a encontrar coisas - como mensagens escritas por ele mesmo - que ele certamente nunca havia escrito. Ele também é mostrado antes dirigindo seu carro com outras duas figuras semelhantes à sua no banco de trás. Após uma série de acontecimentos que não foram por coincidência, Gary finalmente confronta uma amiga próxima chamada Magaret que ele suspeita entender mais:

Margaret: Tudo é o que é. Mas você não é quem você acha que é.

Gary: Ok, então. Quem eu sou?

Margaret: Você é um ser multi dimensional de um poder vasto, quase infinito. Você criou esse mundo em um capricho, e decidiu ficar em torno dele para ver o que viraria. Você, esse corpo que você está, é apenas uma das suas encarnações. Chame você do que quiser.

Gary: Você está dizendo que sou Deus?

Margaret: Tecnicamente, não. Se Deus é um dez - um teórico definitivo, que-nada-maior-pode-ser-imaginado -- você é mais que um nove.

Gary: Então o que você é?

Margaret: Humanos são setes. Macacos são seis.

O segundo ato do filme conclui com o protagonista (dessa vez se chamando Gavin) tendo uma epifânia, onde ele olha para cima apenas para notar o número nove flutuando sob sua cabeça (e mantendo a verdade sobre as palavras de Margaret, de que todos os humanos são mostrados como setes). Eventualmente a imagem volta para se revelar como estando dentro de uma tela. Nós então pegamos a seguinte mensagem, que aparece como uma caixa de diálogo de um computador.

Contraste com um closeup do que está rabiscado nas paredes do quarto do Manson

Outro elemento do filme que faz paralelos ao Marilyn Manson é a propensão ao número de atos. O filme é contado em três atos. Esses três personagens são sempre similares no nome:

Gary/Gavin/Gabriel
Margaret/Melissa/Mary
Sarah/Susan/Sierra

Suas aparições são sempre bastante parecidas como se fosse revelado de que eles estão coexistindo dentro da construção de um universo paralelo. A soma dos três personagens em todas as suas encarnações é notavelmente nove. O nove também aparece frequentemente números de lançamento, jornais, diálogos, mensagens escritas, brinquedos infantis e até como uma tipografia gigante identificando status. Além disso, o "The Nines" parece ser uma representação moderna da visão do filósofo Leibniz de que o mundo que estamos vivendo poderia ser o único melhor de todos os mundos possíveis. De fato, no primeiro ato, Gary é mostrado tentando ler "Candide" (um trabalho feito por Voltaire que faz uma sátira a visão de Leibniz).

Topicamente, dois dos maiores temas do filme, que fazem paralelos com o "The High End of Low," são recorrentes da perda (seja de amigos, relacionamentos ou a mortalidade de Gabriel no terceiro ato), junto com a oportunidade de grande transformação e mudança -- ambos assuntos que são prevalecentes no "The High End of Low."

Contido dentro do encarte do álbum - no quarto do Manson - embaixo da cruz dupla improvisada e dos dizeres "EXIT NOW. UNSAVED CHANGES WILL BE LOST" está a instrução "BURN ALL WOODEN GODS" (NT: "QUEIME TODOS OS DEUSES DE MADEIRA"), uma referência bíblica tirada do livro Deuterocanonical do Velho Testamento, o Livro de Baruc. O trecho do texto que Manson está se referindo pode ser localizado no sexto capítulo; um capítulo que é excluído de algumas bíblias, mas encontra sua inclusão em várias bíblias referencidas, que seitas Católicas e Ortodoxas fantasiam. Esse sexto capítulo improvisado é conhecido de outra forma como A Carta de Jeremias, e a tradição dita que Jeremias era um amigo próximo e secretário pessoal de Baruc. O texto foi alegadamente escrito pelos exilados que foram tirados cativos da Babilônia, com instrução cuidadosa para manter suas fés no SENHOR, e condenar todos os "deuses de madeira" (figuras de outras divindades que foram esculpidas à mão) que Jeremias relacionou como nada mais que idolatria.

Se acaso aparecer um fogo no templo desses deuses de madeira dourada ou prateada, seus sacerdotes poderão fugir para se salvar, mas eles serão queimados junto com o madeiramento.
O Livro de Baruc, 6:54
"Jeremias com a Face de Michelangelo," Sistine Chapel
Esses deuses, porém, nem pela aparência nem pela força se podem comparar a qualquer uma destas coisas. Por aí não se pode pensar nem dizer que sejam deuses, pois são incapazes de promover a justiça ou de fazer qualquer coisa de bom para os homens. Sabendo, pois, que eles não são deuses, não lhes tenhais temor.
O Livro de Baruc, 6:62-64
Parecem também uma árvore no quintal, onde os passarinhos vêm pousar, ou, então, um cadáver jogado na cova escura, estes seus deuses de madeira dourada ou prateada.
O Livro de Baruc, 6:70

 

 

Publicamente revelada pela primeira vez no encarte do "The High End of Low," Manson pode ser visto com uma nova tatuagem, conhecida como "Heart of Tursas" (derivada da palavra finlandesa "tusaansydän"). Tursas são criaturas da mitologia Finlandesa mencionadas várias vezes na Kalevala. Dois de seus nomes Finlandeses variantes: "Iku-Turso" (o eterno polvo) e "Meritursas" (tinta do peixe/polvo) refletem sua natureza geral de ser um monstro marinho completamente malévolo e violento. A mitologia Finlandesa também o atribui como um pai das doenças, que poderia cuspir projéteis mortais de sua imundice e pestilência. De acordo com várias fontes, Tursas pode ter sido (ou não) associado como um deus da gerra.

O "Heart of Tursas"/tursaansydän é um símbolo antigo de boa fortuna e significa expulsar maldições e vexames. É conhecido desde os tempos pré históricos e geralmente tem forma de quatro símbolos sobrepostos (normalmente quatro setas ou quatro quadrados), que cria uma suástica dentro de seu centro.

Foi sugerido que o símbolo significasse indicar um estado constante de movimento e rotação como se girasse da mesma forma do martelo lendário dos deuses do trovão, como o Thor. Outros pegam-o como valor etimológico literal e acredita ser o coração de Tursas - a força da vida da própria divindade.

Quanto a suástica - que é integrada dentro das representações do Heart of Tursas - não deveria ser uma surpresa que Manson teve uma fascinação antiga com os ideais, execução histórica e paralelos entre a aparente dicotomia do fascismo e expressionismo; rasgando os televangélicos da América cada vez que ele sobe ao pódium. A, agora, evocação permanente da suástica em seu corpo pode ser uma declaração pronunciada da dualidade entre o fascismo x expressionismo que ele vem esclarecendo por mais de uma década. Isso é lindamente colocado como uma dica na justaposição da bandeira Americana com o capacete SS que Manson está usando na fotografia.

Símbolo Shock do Antichrist Svperstar e o pentagrama Baphomet de Eliphas Lévi. As palavras em Hebreu em volta, que Manson estilizou a partir do pentagrama original de Lévi, soletra "Leviathan," que é a reencarnação marinha de Satã no Velho Testamento da Bíblia; a serpente do fundo.

Como tal, a conexão de Leviathan ao monstro marinho mítico simbolizado pelo Heart of Tursas não tem uma grande associação e, desse modo, outra representação da encarnação do Manson como O Anticristo.

Esquerda: "Anticristo Vitruviano," diagrama do interior do álbum epônimo, também rondado pelas letras em Hebreu soletrando "Leviathan." Direita: "Destruição de Leviathan," gravura de 1865 por Gustave Doré. Para mais sobre as bestas Satânicas e encarnações do Anticristo através das eras da banda, visite A Terceira e Última Besta no NACHTKABARETT.

E como Manson já ateou fogo em bíblias e bandeiras, bem como rasgar folhas da Bíblia no palco, isso pode ser ainda outro lembrete de que os símbolos não são nocivos e muito menos capazes de qualquer mal. A malevoência continua unicamente na província da humanidade.

Para mais em relação aos flertes do Manson com a imagem fascista, veja a seção Arte "Degenerada" & Fascismo do NACHTKABARETT.

 

 

O sétimo álbum de estúdio do Marilyn Manson é mais um diário do que um álbum. Cada faixa está na ordem em que foi escrita e gravada - indo do começo do fim de seu relacionamento com Wood, seu período em que passou sozinho e sua reaparição do outro lado.
Kerrang! Edição de Maio de 2009

Explorando temas como amor, perda, destruição e reconstrução, o "The High End of Low" é sem dúvida um dos álbuns mais poderosos e transformadores. E como a tracklist reflete a ordem em que o álbum foi escrito, quando falamos sobre o ínico do "The High End of Low," estamos na essência falando sobre a emergência da primeira faixa - Devour - e das circunstâncias de sua criação. A seguir estão trechos, citações e entrevistas delineando as motivações e inspirações cartáticas que foram o catalisador definitivo para o "The High End of Low" ser composto.

... quando me tornei seu companheiro de quarto, meu quarto estava coberto de sangue na capa do "Eat Me, Drink Me". O último dia que fui seu companheiro de quarto, eu estava numa casa diferente, meu quarto coberto em sangue de verdade - que não era meu - e eu estava indo a um quarto de emergência pela primeira vez em minha vida.

 

Então ele escreveu essa música.

 

A primeira escrita para o novo CD, mas certamente não a primeira vítima sofrida em sua criação."
Rudy Coby, post no blog do MySpace em 12 de Janeiro de 2009

Manson falou brevemente sobre a série de eventos que inspiraram a faixa em sua entrevista para a revista Revolver em Junho de 2009,

É tipo uma história de homicídio-suicídio baseada na realidade da minha vida daquele dia. O álbum talvez tenha me salvado, e a pessoa que eu teria matado também. Se alguém diz que quer estar com você até a morte, eu levo isso a sério. Tornou-se uma música... felizmente.
Spin, Junho de 2009

O fim de seu relacionamento com Evan Rachel Wood marcou uma época especialmente difícil para o Manson,

Eu canto isso na “Into the Fire.” Eu digo, “If you wanna hit bottom/don’t bother trying to take me with you.” Meu ponto mais baixo foi no Natal de 2008, porque eu não falei com a minha família. Minhas paredes estavam cobertas em rascunhos de letras e pacotes de cocaínas pregados na prede. E eu tive a experiência onde eu estava lutando para lidar em estar sozinho, estar abandonado, ser traído por colocar sua confiança em uma pessoa, e cometer o erro de estar com a pessoa errada. E esse é um erro que qualquer um pode relacionar. Eu cometi o erro de tentar, desesperadamente, agarrar, salvar e confessar. E todas as vezes que liguei para ela aquele dia – liguei 158 vezes – peguei uma lâmina e me cortei no rosto ou nas mãos.
Spin, 24 de Junho de 2009

O período que ele passou sozinho e isolado de tudo foi bem extensivo,

Eu passei a Ação de Graças, Natal, Véspera de Ano Novo e então meu aniversário totalmente sozinho, exceto por [sua gata] Lily," ele diz. "Todos estavam me ligando porque estava na época de festas. Mas eu não falei nem com meus pais."
Kerrang! Edição de Maio de 2009

Manson falou candidamente sobre seu sentimentos de abandono e ser deixado de lado,

Ele fala sobre se sentir como Lúcifer sendo banido do paraíso, ou caindo em desgraça. “Quando você desiste das asas que vieram para te definir em ordem de se encaixar e tornar-se amado por alguém, então você definitivamente para de ser quem você é e perde tudo. Definitvamente, isso é como eu estava minha vida,” ele diz. "Fiz meus álbum no passado falando sobre transformação, mas essa foi uma mudança muito mais dramática que eu queria contar às outras pessoas.
Kerrang! Edição de Maio de 2009

Embora provando, o perído de isolamento serviu como um período transformativo para Manson,

Tornou-se um período onde eu senti que tinha que atravessar - como algo na Bíblia quando eles vão para o deserto. Então comecei a escrever sobre o que eu estava passando no momento.
Kerrang! Edição de Maio de 2009

Todos esses eventos serviram como um catalisador para o "The High End of Low" - e pela própria admissão do Manson, o homem que canta no começo do álbum "And I´ll love you, if you let me" é uma entidade estranha para o Manson, que finaliza o álbum com "I´ll teach you about the loss."