the NachtKabarett

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All Writing & Content © Nick Kushner Unless Noted Otherwise
Translation by: Heather Quick

Manson
"Tudo o que brilha é frio"
Marilyn Manson, 'Posthuman'

"All that glitters is gold" (NT: "Tudo o que brilha é ouro") é um trecho do hino do rock "Stairway to Heaven" do Led Zeppelin, por sua vez sendo uma variante do famoso ditado de Shakespeare, "All that glitters is not gold" (NT: "Nem tudo o que brilha é ouro"). O último é uma expressão popular usada em referência para mostrar que nem sempre aparência mostra o que realmente é; em um nível superficial, algumas coisas podem parecer muito mais valiosas por fora do que elas realmente são. Suas origens são encontradas na peça "The Merchant of Venice" (NT: "O Mercador de Veneza") de Shakespeare, onde o Príncipe de Marrocos, após perceber o erro mórbido em sua obsessão com a beleza superficial, exclama:

"Nem tudo o que brilha é ouro/Muitas vezes ouviste dizer/A vida muitos foram vender/Só para me terem no exterior/Vivem os vermes em campa dourada."
Shakespeare, 'The Merchant of Venice (II, vii)
Marilyn Manson : Rolling Stone 1998"Nós fomos automaticamente desgastados e vazios como o "o" da palavra ”God”" Marilyn Manson; vazio e (literalmente) transparente como evocativo da personificação do Omega durante era a "Mechanical Animals" | Revista Rolling Stone, Setembro de 1998, o mesmo mês do lançamento do "Mechanical Animals" e usando a mesma roupa dourada brilhante como dentro do encarte.
No fim
Eu me tornei um deles e os guiei
Depois de tudo, nenhum de nós fomos realmente qualificados como humanos
Nós fomos automaticamente desgastados e vazios como o "o" da palavra ”God”
Eu reatei minhas emoções celulares e narcóticas
Do topo de Hollywood
Parecia olhar do espaço
Milhões de cápsulas e animais mecânicos
Uma cidade cheia de estrelas mortas e uma garota que eu chamo de Coma White
Este é o meu Omega
Untitled, faixa 15 do 'Mechanical Animals'

Durante a era "Mechanical Animals," Manson personificou o Omega, um rockstar vazio e exagerado que cantava hinos vazios sobre sexo, drogas e fama. Como discutido antes no Nachtkabarett (veja os artigos, Mercury: O Andrógino e Coma White para um panorama da persona do Manson durante o "Mechanical Animals" e "Holy Wood"), o aparentemente vazio Omega, era para atuar como uma contraparte ao lado revertido e introspectivo do álbum. Manson mateve-se com significados numerológicos, dividindo ambos aspectos do álbum na metade com 7 músicas cantadas pelo fictício "Omega & the mechanical Animals" e as outras 7 músicas sendo o lado sincero, melancólico e introspectivo do álbum.

Construam um novo Deus para medicar e imitar, venda-nos o substituto vestido a rigor e realmente falso
'Rock is Dead' - O propositalmente "hino de rock exageradamente vazio" do "Mechanical Animals"

Foi uma sátira que a maioria dos fãs e críticos não pegaram durante a era, mas foi mais compreendido dentro do contexto dos três álbuns, seguindo pelo lançamento do "Holy Wood" em 2000. Entretanto, Manson deixou pistas em entrevistas e citações no MarilynManson.com sobre a natureza da personificação. A crítica e má-interpretação foi devido à grande parte da nova imagem que Manson adotou; descartando toda a estética "gótica" do couro e vinil e usando lantejoulas, cores vibrantes, cabelo vermelho e maquiagem brilhante em homenagem ao Bowie, T-Rex (Marc Bolan) e outros pioneiros do glam rock dos anos 1970 que simbolizaram o conceito do estrelato do rock. Em resposta à essa crítica, Manson deu várias declarações ao fato de que sua incorporação atual tem muito menos a ver com a renúncia da temática e visual de como o mundo tornou-se familiar com o Marilyn Manson, mas ao invés disso, era outra dimensão do conceito.

Marilyn Manson : Omēga and the Mechanical AnimalsManson dentro do encarte do "Mechanical Animals" com a roupa que ele apareceu na capa da revista Rolling Stone em Setembro de 1998. Dentro da foto da capa, seu peito está com um buraco na roupa dourada que foi feito transparente, mostrando apenas o fundo da parte atrás dele para ilustrar, de um jeito artístico, a natureza vazia que o Omega incorpora.

Manson endereçou diretamente esse problema em um webcast no MarilynManson.com antes do lançamento do "Mechanical Animals" no dia 15 de Setembro de 1998 (outra referência numerológica deliberada com o número 15 aparecendo ao longo do álbum). O webcast aconteceu na primeira semana de Setembro e foi, especificamente, uma pequena amostra da direção que a banda estava tomando, seguido por um Q&A onde os fãs mandavam perguntas online. A música "Posthuman" ficou disponível em formato "Liquid Audio" como um presente (um arquivo que expirou na data de lançamento do álbum).

Uma pergunta feita por um fã foi diante da natureza da nova era, imagem e temas, o que representava e se o Manson "se vendeu" ou traiu ou não seus fãs que identificaram-se com as encarnações anteriores. Manson respondeu que absolutamente não era uma traição e encorajou os fãs a olharem através da aparência para ver que, na verdade, revela algo "muito mais obscuro" em um nível interno.

"All that glitters is cold" que Manson canta através de um modulador de voz na "Posthuman," uma música que está no lado introspectivo do álbum, faz alusão à esse conceito. Aquele ser, embora o "rock god" Omega esteja vestido com roupas brilhantes e é um superhumano demagogo através dos homens, ele é vazio por baixo de tudo. Por sua vez, o "Mechanical Animals" ilustra em uma metade o estrelato do Omega e a outra metade ilustra sua solidão humana interna.

Marilyn Manson : Omēga and the Mechanical Animals

ALTERNATIVE PRESS: Quais são as características que definem o Omega que são opostas ao "Antichrist Svperstar"?

MARILYN MANSON: Fazer o "Mechanical Animals" foi, para mim, como pisar no mundo pela primeira vez. Me senti muito vulnerável. Me envolvi em um relacionamento e me apaixonei, acho que pela primeira vez. E comecei a sentir empatia pelas outras pessoas. Não que eu tenha encontrado Deus ou me tornado um viadinho e decidi dar dinheiro aos vagabundos; nada disso. Apenas comecei a encontrar o balanço que sempre procurei, sabe? No passado eu sempre falei sobre encontrar um lugar na minha vida onde eu combinei extremos. Mas tudo era muito "Manson," pela falta de um mundo melhor. E com o "Mechanical Animals," eu me tornei mais "Marilyn." Acho que tenho uma real dinâmica agora, não apenas na música, mas na vida.

ALTERNATIVE PRESS: Mas para algumas pessoas está relutante deixar seu lado antigo - a coisa do filho-de-Satã parece algo demodê para você agora.

MARILYN MANSON: Bem, não é algo que eu abandonei ou me separei. Acho que agora é apenas outra dimensão. Algumas pessoas estão acostumadas com as coisas sendo um ato, ou coisas tendo uma dimensão e sendo facilmente definidas. Mas eu sempre senti que ao invés de ser apenas uma coisa, por que não ser várias? Esse é o jeito que olho para a performance - faz a performance muito mais animada por expandir partes diferentes da minha cabeça. O "Antichrist Svperstar" foi o extremo. Parece... provavelmente parece como uma desordem de múltipla personalidade. Para mim parece normal. Acho que é normal, e acho que todos tem um pouco disso. A pessoas frequentemente têm medo de se soltar.

ALTERNATIVE PRESS: Acho que parte do público está um pouco relutante em aceitar a ida para o glam e saída da imagem puramente demoníaca. E a personagem Omega parece um pouco mais complexa que a personagem Antichrist Svperstar, que foi bem fácil de entender. Alguma conexão?

MARILYN MANSON: Sim, acho que sim. Acho que é porque esse álbum foi inspirado pelo filme que eu quero fazer, eu provavelmente não preenchi todos os espaços em branco no álbum. Mas eu realmente refleti meu estilo de vida na época. E o Omega não é meramente uma personagem - Eu não criaria algo que não sou eu. Mas acho que muitas pessoas esperavam que eu fosse continuar a falar sobre religião, mesmo as pessoas que me odeiam por isso, bem como todos os fãs que me amam por isso. Mas senti que eu tinha dito tudo que era para ser dito - e fazer o "Antichrist Svperstar" mudou minha vida, me fez me tornar algo mais forte. O que eu não percebi foi que para ser mais forte, eu precisei ter emoções, e foi algo que eu tive que me desligar para fazer o álbum. Então o "Mechanical Animals" foi como se eu tivesse nascido de novo. Acho que a imagem na capa do álbum era sobre a alienação. E ter uma imagem que é díficil de entender, provavelmente foi o que eu estava tentando dizer. As pessoas não entenderam que tipo de coisa eu estava dizendo no álbum.

Alternative Press. 'Manson World'. Abril de 1999.