the NachtKabarett

This is a translation.
For the original article, click here.
Bookmark and Share

All Writing & Content © Nick Kushner Unless Noted Otherwise
Translation by: Heather Quick

Marilyn Manson : Holy Wood | Imitation Christ
Ela me diz que sou uma uma bela bala
Uma imitação de Cristo
Tenho canções de amor na minha cabeça que estão nos matando
Marilyn Manson, The Love Song

 

A letra acima é da música "The Love Song," uma das músicas mais importantes no "Holy Wood," que ilustra o caráter do que o álbum representa; uma acusação do crescimento na cultura da América violentamente predisposta e obcecada com a morte. Como ilustrado pelo Nachtkabarett, o "Holy Wood," de longe, é o trabalho mais multifacetado e multi-alusivo até agora. Como Manson disse ao longo da gravação do "Holy Wood," o álbum foi intencionado a ser uma reinterpretação do Cristianismo e suas originais tradições esotéricas, ao invés de tentar destruir completamente a religião como foi feito no "Antichrist Svperstar." O verso específico, embora ilustre dualmente a persona de Cristo que Manson retratou na capa do álbum, junto com os temas dentro dele, também faz referência a um livro do século XV no Misticismo Cristão conhecido como "The Imitation of Christ" de Tomas a Kempis.

Esquerda: Ilustração de uma edição Francesa de 1878 do livro "The Imitation of Christ". Direita: 'Crucifixion' de Ruben, 1620. Possivelmente o quadro do Renascimento que Manson desejou imitar. Note a composição e cores, e como a sombra de Cristo escurece virtualmente a cruz, que tende a desaparecer (veja Tarô & Holy Wood).

O livro está relacionado a outro texto do século XV no esotérico Misticismo Cristão, "The Cloud of Unkowing," que é um dos livros que provou ser muito inspirador para a busca de Aleister Crowley ao oculto depois de lê-lo na juventude. "The Imitation of Christ," entretanto, é um guia espiritual que direciona o adepto na purificação da alma pelo uso da vida de Cristo como o exemplo divino mais alto, literalmente "imitando" Cristo. Em um nível fundacional, isso também é um dogma intencional da verdadeira filosofia alquímica espiritual.

Thomas a Kempis | Imitation of Christ

Em relação aos temas delineados dentro do "Holy Wood," a evocação do título atua como uma ambiguidade de Cristo sendo apropriado como a figura principal do Celebritarianismo (ou martírio público, que atua como um destino de vida "sofrendo até morte" observado por aqueles que Manson indica como encontrando a morte para ser o determinante definitivo do status de celebridade para ser postumamente, e metaforicamente, consumido), e a personificação do Manson, como o protagonista do álbum, assume em comparar sua missão de revolução socio-religiosa ao que Cristo fez em sua época. Ambos os casos "imitam Cristo," com o último caso sendo uma comparação metafórica por pegar o exemplo de Cristo para encenar uma campanha de influência sob o mundo enquanto purifica a própria alma para, por fim, tornar-se um mestre ascendido, como o Cristo.

MManson como um Cristo sem mandíbula apodrecendo em sua cruz na capa do "Holy Wood", que também ecoa o Cristo deslocado, semelhantemente deteriorado
pela estigmata e sofrimento intenso que foi representado no painel central de Isanheim Altarpiece de Matthias Grünewald de 1516 (direita).

Outra referência interessante é o filme "The Holy Mountain" (1973) de Alejandro Jodorowsky, onde a personagem principal, um Cristo transposto delira em um armazém com réplicas de gesso dele mesmo com uma postura crucificada. Essa sequência, que também inspirou uma passagem do vídeo da "The Dope Show", onde Manson destrói dúzias de réplicas de si mesmo (ou "amostras de alma"), ilustra perfeitamente a expressão "imitação de cristo", embora esteja mais conectada com o mercantilismo religioso e artificial.

"Você não passa de uma cópia da imitação"
Marilyn Manson, Target Audience
Screenshot do filme "The Holy Mountain", mostrando uma fábrica de Cristos de gesso. A ideia
também ecoou a carta "O Enforcado" acima, em termos de formato, já que o Manson está crucificado no nada/espaço.
Agora, com o "Holy Wood", Manson tira tudo que a América vê como justo e se coloca dentro. "Por exemplo, eu decidi que, ao invés de não acreditar na história de Cristo, eu vou acreditar do meu jeito. Vou mudar e fazer com que funcione para mim. Ao invés de dizer que sou o oposto de Cristo, agora posso dizer que sou a mesma coisa que Cristo. Porque no final, as personagens de Marilyn Manson ou Cristo - ou Lúcifer, nesse caso - acabam sendo a mesma coisa. Cada um de nós representa algo que a América quer, e talvez precisa, em ordem de manter-se vivo."
Marilyn Manson, entrevista para a Revolver, Inverno de 2000
Esquerda: Capa do single da "Disposable Teens", o visual que também foi usado como projeção de fundo durante a turnê Guns, God and Government; uma ilustração da "exploração da mídia e cobertura grotesca de eventos como Columbine" (veja também a inclusão do papel da autópsia de JFK no canto direito).
O conteúdo plástico não são os únicos elementos que seguem o tema "imitação", já que a composição completa, na verdade, evoca/imita uma tradição Cristã de longa-data de representar o feto/bebê Jesus dormindo em sua cruz (direita: "Gesù Bambino dormiente sulla croce", coleção privada, Milão).
"Estou cansado de morrer pela porra de seus pecados"
Marilyn Manson, performances ao vivo da The Reflecting God
Esquerda: Silhueta de um braço Crístico aparecendo subliminarmente no começo do vídeo da "Disposable Teens". Direita: Manson como o Papa em frente à Cruz
Sagrada. Ambas representações parecem atenuar através de evocações sutis, a real violência da crucificação que Manson mencionou em inúmeras entrevistas.
A mídia, mesmo o governo, foram rápidos em difamar a arte, pós-Columbine, diz Manson, o defensor mais devoto da arte. "Mas não há nenhuma imagem por aí que seja mais grotesca ou violenta que essa," ele aponta para um crucifixo pendurado. "E não acho que você vá encontrar nenhum texto mais ofensivo do que o que está dentro da Bíblia."
Marilyn Manson, entrevista para a Alternative Press, Novembro de 2000
Esquerda: Manson como o corpo sacrificial de Cristo, devorado por seus discípulos em um diplay Celebritarian, do vídeo da "Disposable Teens". O conceito da Eucaristia, que ecoa as evocações do Cordeiro de Deus durante a era, mais tarde seria uma inspiração para o título do "Eat Me, Drink Me".
Direita: A contracapa do single da "Disposable Teens", Manson/Adão como uma figura de Cristo sem rosto em um Jardim do Éden/Madeira Sagrada artificial.

 

Embora não especificamente relacionado a isso, o título também foi um tanto popularizado em 1980 quando o "The Psychedelic Furs" lançou uma música chamada "Imitation of Christ" no seu álbum de estreia.

Como mostrado nos três exemplos abaixo, e a lista cronológica não-exaustiva das várias encarnações no estilo de Cristo que Manson fez e as crucificações que seguem diretamente, as referências à Cristo tem sempre ocupado um lugar central no Marilyn Manson, e parece criar uma narração dele próprio, mesmo na Triptych:

Antigas imitações/alterações de Cristo em um newslatter Spooky de 1991, uma foto promocional tirada por Joseph Cultice em 1996 e outra
visão no estilo Grünewald, no vídeo da "Long Hard Road Out of Hell" em 1997, que também foi usada para um submenu do DVD "Lest We Forget".

 

S e e   a l s o   o n   T h e   N A C H T K A B A R E T T :


THE THIRD & FINAL BEAST - THE ANTICHRIST | "Only by taking on the persona of Christ can the magus (or magician) use the [power of Christ] with maximum effect in commanding [the elements].This is a poorly understood secret of magic, but absolutely vital: the magician in him or herself is a fallible human being, and can perform no more than the works of a human, but when he or she takes on the identity of a god, the magician is rendered to perform the works of a god." The Tetragrammaton, by Donald Tyson.

Click for full article

THE MECHANICAL CHRIST | "And in the midst of the seven candlesticks one like unto the Son of man, clothed with a garment down to the foot, and a girt about the paps with a golden girdle. His head and hairs were white like wool, as white as snow; and his eyes were as a flame of fire..." Revelation 1:13-14

Manson during the Mechanical Animals era. The opening song of each performance of the subsequent tour being named 'Inauguration of the Mechanical Christ'.

Click for full article

THE LAST TOUR ON EARTH | "O most sorrowful Mother Mary, meditating on the Mystery of the Crucifixion, when, having been stripped of His garments, thy Divine Son was nailed to the Cross, upon which He died after three hours of indescribable agony, during which time He negged from His Father forgiveness for His enemies, I humbly pray : (...) ." The Fifth Sorrowful Mystery from The Rosary Novena to Our Lady.

Inauguration, Crucifixion, and Resurrection through fire of the Mechanical Christ as illustrated in the artwork for The Last Tour on Earth live album.

Click for full article

KENNEDY & KING KILL 33° | "There are a lot of references to the way that I see John F. Kennedy as a modern day Christ and how religion kind of sprouts from that. It's really a strange story, but in the end it's a parable about fame and love and what matters to you the most, but I can't say it's got a happy ending. The video for 'Coma White' is adapted from my script, so it will be a bit of a teaser, a hint at what people can expect... Though I'm sure they won't understand it or make it any clearer. " Marilyn Manson, 1999 interview for Metal Edge.

Click for full article

HOLY WOOD & THE HANGED MAN | "The ironic part about the cover is that my point has been to say that entertainment is blamed so much for violence, and the image of the crucifix is a very violent image. The actual way that was created my album cover was a combination of a photograph of Christ from a Church (it's not my body), and I incorporated my face into it and turned it into sort of a Renaissance painting, and the fact that they found it to be offensive proves my point. The symbolism of the jaw being removed says a lot about how people with opinions including Christ himself have always been destroyed for what they have to say." Marilyn Manson, 2000.

Click for full article

CRUCI-FICTION IN SPACE | One of the most signature tracks on Holy Wood whose origins are inspired from various aged esoteric texts and which was enacted onstage during the 'Guns, God & Goverment Tour' in support of the album bearing the song. The song's title comes from the name J. P. Lundy gave to a mysterious pre-Christian depiction of an Indian god crucified in the clouds, which was also reproduced in the artwork for Holy Wood.

Click for full article

PERSONAL JESUS - THE CELEBRITARIAN | References to Christ, St. George and Apocalypse contained in the single's artwork and video imagery, in which a resurrected Manson displays his stigmata wounds with a negative projection of Christ's face in the background, amongst a Celebritarian display of renowned "Fathers of Nations", including Kennedy once again.

Click for full article

THE HIGH END OF LOW - THE NEON CHRIST | "I'd die for your sins / if you don't kill me when I'm trying, baby." Imagery from The High End Of Low's artwork, showing a newly ascended Manson with blue skin and self-christened with an inverted red Antichrist halo, which has been turned into Christ's crown of thorns on a t-shirt design called "Neon Christ". The result is quite reminiscent of a 1997 photo-shoot on which Manson similarly wears a thick, white neon halo.

Click for full article