the NachtKabarett

This is a translation.
For the original article, click here.
Bookmark and Share
Diga “mostre-me as estrelas mortas, todas elas cantam”
Marilyn Manson. Posthuman.
Celebritarianism

All Writing & Content © Nick Kushner Unless Noted Otherwise
Translation by: Nina Bogo and Lígia Freiberger

www.celebritarian.com

Clique acima para ver o original CELEBRITARIAN.COM arquivado aqui exclusivamente. Primeiro descoberto pelo Nachtkabarett; a música tocada ao longo da vinheta de abertura é "I'm Leaving it Up to You" de Dale & Grace. Originalmente escrita em 1957, essa rendição foi a música número um na América em 22 de Novembro de 1963, o dia que Kennedy foi assassinado.  Clique aqui para baixar e escutar

 

Celebritarian.com foi o primeiro passo e mostra pública do conceito de Manson sobre Celebritarianismo. É muito ambíguo, visto como um site escondido, mas continha paralelos que levam até Manson. Por exemplo: A pistola usada no vídeo de abertura era idêntica a usada no crucifixo de armas na capa do Holy Wood (o livro); havia várias perguntas no questionário que incluiam referências à Kennedy; e, apesar de ter sido lançado no mesmo ano que “Holy Wood,” no site a data de inauguração era de 1996, o mesmo ano em que Antichrist Superstar foi lançado, ano 1 da trilogia “Antichrist Svperstar,” “Mechanical Animals” e “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)”. No entanto, a primeira “pista” pública da ligação entre Manson e Celebritarianismo foi no seu retorno, altamente controverso, à Denver, em sua primeira apresentação em Colorado desde Columbine. Inspirado na morte de muitos e de ameaças de bomba, Manson prometeu ser sua mais violenta performance, que foi regada a leituras bíblicas que falavam sobre assassinato, morte, sexo e pestilência. Foi durante a leitura da bíblia nesse show que Manson citou o Salmo 137:9, o mesmo que aparece após o questionário em Celebritarian.com.

JAMES DEAN LEE HARVEY OSWALD POPE JOHN PAUL II ALEISTER CROWLEY

O site foi insinuado nas letras do "Holy Wood," na música "The Fall of Adam," onde o termo foi usado. O que trouxe uma atenção especial foi que no encarte do “Holy Wood” tem uma nota que diz: Celebritarian™ used by permission. Mais tarde foi revelado que foi o próprio Manson quem “inventou” as palavras “Celebritarian” e “Celebritarianism”.

PRINCESS DIANA V.I. LENIN ELVIS PRESLEY MAHATMA GANDHI

O conceito ecoou durante a performance na primeira metade da turnê Guns, God and Government, quando Manson tocou "Valentine’s Day" (veja Dia dos Namorados no Nachtkabarett) num altar que continha uma escultura careca de sua própria cabeça em cada canto, pendurado dos dois lados do palco, onde a tapeçaria trazia a semelhança de muitas celebridades que foram tão quanto senão mais reconhecidas mortas do que vivas. Morto, pode-se fazer as manchetes dos jornais mas, enquanto vivo, é esquecido, descartado.

ADOLF HITLER FRANK SINATRA JACKIE KENNEDY JOHN LENNON

Dentro do filme de abertura, os rostos das “estrelas mortas” que são vistos também foram mostrados no telão do palco durante a execução da “The Death Song” na parte Ozzfest da turnê GG&G. As fotos dos rostos desse artigo foram retiradas diretamente do DVD Guns, God and Government.

ABRAHAM LINCOLN MARTIN LUTHER KING

Celebritarianismo e muitos outros elementos conceituais dentro do “Holy Wood” estavam insinuados em “Posthuman”, particularmente, no álbum anterior: “Mechanical Animals”. Isso montou uma imagem lírica composta pela sátira que Manson fez, onde violência é a religião das massas e os santos padroeiros são estrelas mortas. Se você morrer na frente das câmeras, vira estrela. Essa é a ideia e realidade em que vivemos; você é mais lembrado depois de morto. Se famosos são mortos, é uma imortalização (assim foi com Cristo), como foi com Kennedy e John Lennon. Esse é o significado por trás do Celebritarianismo; nossa religião está baseada na morte. Pode-se perceber isso através dos rituais do Cristianismo onde bebemos o sangue através do vinho e comemos o corpo através da hóstia. Devoramos o corpo e o sangue da primeira celebridade: Jesus Cristo.

A palavra em si, Celebritarianismo, pode ser definida como um jogo de palavras, bem como vegetarianismo. Adorar e, posteriormente, devorar é um ato que tem aumentado exponencialmente nos últimos anos graças à TV a cabo, a Internet ou alguns programas específicos da TV, como o Celebreality, do VH1.

Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo
João 1:29

Esta foi a primeira imagem adicionada ao MarilynManson,.com, que tinha como parceiro LambOfGod.com, no verão de 2000, antes do lançamento do “Holy Wood”. É uma representação de Cristo como o Cordeiro de Deus, pintado por Jan Van Eyck em 1432, onde aparece sangrando um ferimento no peito em um cálice a ser consumido por seus discípulos durante a Comunhão, em cima de um altar. Para uma informação completa sobre o site e seu propósito veja The Lamb Of God .com no NACHTKABARETT, mas na base o site foi lançado como um portal esotérico, revelando em imagens obscuras os vários pilares que o "Holy Wood" foi incorporado. O ponto crucial foi centrado dualmente no renascimento/transformação junto com a morte e martírio.

O Novo Testamento refere-se a Cristo como o Cordeiro de Deus, a oferta de sacrifício que Deus enviou à Terra para tirar os pecados do Mundo. Ilustra o tema principal do “Holy Wood”: o da celebridade e do martírio. Mais especificamente da celebridade COM a morte e o martírio, representado através de Cristo, Kennedy, John Lennon e muitos outros. “Holy Wood” gira em torno desse tema, ilustrando a fascinação mórbida. Daí o sangramento do cordeiro para o/no Graal. O sangue de Cristo é bebido e seu corpo consumido numa hóstia; a “devoração” de celebridades está claramente ilustrada aí, a partir da primeira celebridade: Jesus Cristo.

Essa imagem em particular é um detalhe do centro do quadro "Adoração do Cordeiro" feito no século XV pelo pintor Jan Van Eyck, o que na verdade é o centro inferior do painel muito maior, The Ghent Alterpiece. Na inscrição do altar lê-se: ECCE AGNUS DEI, QUI TOLLIT PEC (CA) TA MV (N) DI, que é a transcrição de João citada a cima, em latin.

Imagem do clipe da “Coma White”, que Manson aparece crucificado no papel de John F. Kennedy. Alusão à imagem que Kennedy adquiriu aos olhos da América, uma espécie de “segundo” Cristo, quando seu assassinato televisionado o tornara um mártir para a consciência popular.

METAL EDGE: Como você vê Kennedy como uma figura de Cristo?

MARILYN MANSON: Primeiramente, minha teoria, na qual eu estive pensando desde que tive uma grande interação com o Cristianismo depois de fazer "Antichrist Svperstar", é que Cristo foi o "blue-print" da celebridade. Ele foi a primeira celebridade ou rockstar, se assim você quiser colocar, e tornou-se essa imagem de sexualidade e sofrimento. Ele é literalmente comercializado – um crucifixo não é diferente de uma camisa de show em alguns aspectos. Eu acho que para a América, na minha vida, Kennedy meio que tomou o lugar disso em alguns aspectos. Eu comecei, na minha versão estranha e drogada de Hollywood, a sonhar que essas celebridades mortas são realmente santos. Jackie O[nassis] é um tipo de Maria Imaculada. Foi nisso que eu pensei enquanto estava escrevendo o álbum e coloquei em várias músicas, como em "Posthuman".

A história era algo que eu tinha na cabeça e é daí que as músicas vieram. Como as músicas vieram à vida, a história também cresceu. É tudo uma metáfora da minha própria vida, mas a história, sem ir muito longe, tem lugar numa distopia de Hollywood, onde tudo é levado ao extremo. É como se fosse o pior pesadelo de Andy Warhol, combinado com a cientologia do consumismo. Há uma série de referências à maneira que vejo John F. Kennedy, como um “Cristo moderno”. É realmente uma história esquisita, mas no final é uma parábola sobre a fama, amor e o que mais lhe interessar, mas eu não posso dizer que tem um final feliz. O vídeo da “Coma White” é uma adaptação do meu script, por isso será um pouco mais “trailer”, uma dica de o que as pessoas podem esperar... Embora tenha certeza de que elas não entenderão ou o tornarão mais claro.
Metal Edge, July 1999 'Marilyn Manson – Revelações de um Alien-Messias'

 

Auto-retrato com caveira de Andy Warhol de 1978 (Contribuição de Gilles R. Maurice) e o “logo” da Celebritarian Corporation. Uma alusão por Manson, que é ainda uma outra referência de Warhol em 2006, com a ressurreição do Celebritarianismo.

Abaixo podemos ver uma montagem de retratos em cascata do rosto do Manson, no padrão de assinatura de Wahrol, como feito para outros ícones, como Marilyn Monroe. Essa montagem de imagens foi usada como um mapa do site MarilynManson.com no final de 2006 e também numa camiseta lançada um pouco antes, nesse mesmo ano.

Uma alusão feita de propósito por Manson, como um jogo de palavras em “celebridade” (conceito de Celebritarianismo), sendo que Andy Wahrol defendia o conceito de iconografia e de culto à celebridade.

Montagem em silkscreen feita por Andy Wahrol um pouco antes de sua morte, em 1962. Um dos hábitos de Andy era retratar temas mórbidos (como cadeiras elétricas, celebridades mortas e ditadores como o chinês Chairman Mao), fazendo várias imagens justapostas em diferentes e vibrantes cores e cenários.
“Aplaudimos a criação de uma bomba, cujo único propósito é destruir a humanidade, crescemos assistindo os miolos dos nossos presidentes espalhados por todo o Texas. Os tempos não se tornaram mais violentos. Eles apenas se tornaram mais televisionados/televisivos. Alguém acredita que a Guerra Civil foi simplesmente civil? Se a televisão existisse com certeza teria cobrido ou participado do fato, como na sua terrível perseguição do carro da Princesa Di. Abutres nojentos à procura de corpos, explodindo, fodendo, filmando e servindo para receber o nosso apetite voraz em uma exibição da estupidez humana.”
'Columbine: de quem foi a culpa?' Marilyn Manson.
Publicado na Rolling Stone, June 1999.

Lady Di e sua morte trágica em 31/08/1997. O acidente foi causado por paparazzi que a perseguiam em alta velocidade na tentativa de fotografá-la com seu novo namorado para publicar em um trabloide.

Com o seu corpo espalhado sobre os destroços, os fotógrafos continuaram firmemente, não boquiabertos com horror, a tirar fotos do acidente na esperaça de conseguirem a melhor recompensa. Além disso, bloquearam a passagem dos paramédicos, que não conseguiram, então, chegar a tempo para salvar sua vida.

A tragédia foi alimentada, claro, pela demanda insaciável da opinião pública. Não teria havido fotógrafos a perseguindo se o ato de “consumir celebridades” (celebritarianismo) não fosse tão presente e se o público não fosse tão obcecado por fotos daqueles que são famosos.

"Moscas estão esperando..."
Cruci-fiction In Space e Valentine's Day do Holy Wood

Ilustração metafórica do mantra repetido no Holy Wood. As “moscas” esperam da morte de uma celebridade que elas idolatram, daí então a consomem apenas para regurgitar mais adiante, tornando-as um ícone de comercialização, numa ideia de vida eterna.

Assim como fizeram com Cristo na forma de crucifixo e a imagem de cada mártir Católico, que eram vistos todos como celebridades no seu tempo.

“Ronald Fisher, beekeper”, por Richard Avedon, 1981. Possível inspiração para o final do vídeo de Disposable Teens. Avedon era famoso também por suas fotografias de Marilyn Monroe

 

 

For more on the conceptual significance of Celebritarian and Celebritarianism as well as its relation to Holy Wood & The Triptych, see the following sections of The NACHTKABARETT:

THE LAMB OF GOD .COM KENNEDY: KING KILL 33° THE DOUBLE CROSS VALENTINE'S DAY